20 de fevereiro de 2010

Juistiça de Rastos

Este povo é ignorante é indolente, avesso a pensar e a proceder…"
                                                               circa 1908, Basílio Teles, As Ditaduras

Pouco mudou, muito infelizmente.

De facto, os políticos que temos são os que merecemos.

E a Justiça, ou a falta dela, também.

Todo o país assobia para o lado ou fala entre dentes, mas não é capaz de levantar um dedo.

Um dos poucos exemplos de coragem e de inconformismo, é nos dado por Gonçalo Amaral, um homem que tem ousado enfrentar e questionar as conveniências dos poderosos, e por isso, sofrido as consequentes represálias dos que podem usar o sistema contra quem efectivamente o suporta.

Como explicar a decisão desta Juiza do Tribunal de Lisboa, dia 18 de Fevereiro?
Como explicar o facto dela ter ignorado o testemunho contundente de Moita Flores? E o de todas as outras testemunhas, na sua maioria, balizadas no trabalho realizado em 2007 pela Polícia Britânica e pela PJ, em conjunto?

Sim, porque quem compreender Inglês e quiser ver por si, pode seguir o que foi dito em tribunal aqui.
Do ponto de vista de um leigo, os argumentos da Juíza Maria Gabriela para fundamentar a sua decisão, com todo o respeito, são incompreensíveis.

Quando está em causa a Liberdade de Expressão, versus o direito individual de alguém que tem tanta credibilidade como o oponente - ao menos isso ficou claro nas Audiências - é indispensável que o fundamento da decisão seja realmente um argumento de peso. Diria mesmo, um fundamento de força maior ou de 'salva-pátria'... caso contrário, é o completo descrédito da Justiça.

Confirma-se assim, a proibição de um livro e a inibição da opinião de um cidadão, em nome de quê? Da opinião de um casal, no mínimo, suspeito de deixar menores sozinhos, noite após noite, de contradições nos depoimentos e de falta de cooperação com as autoridades? Já para não falar da falta de respeito e arrogância que sempre demonstraram para com Portugal e os Portugueses? Please!...

Ou em nome da opinião pessoal da Drªa Maria Gabriela Rodrigues, que acha que um ex-polícia não pode escrever sobre um caso onde participou e foi praticamente crucificado? Saberá a Drª quantos ex-policias Americanos e Britânicos se tornaram conhecidíssimos autores publicados internacionalmente?

Por falar em Americanos, convinha lembrar que a Juiza Maria Gabriela Rodrigues nunca poderia ter proferido semelhante decisão nos EUA, porque eles têm uma coisa gravada a ouro que aqui, se existe de todo, está coberta de ferrugem: a 1ª Emenda.

Se tanto, a ser provado difamatório, o autor pagaria uma multa/indemnização ao 'ofendido', mas NUNCA haveria lugar a PROIBÍÇÃO, APREENSÃO e DESTRUIÇÃO de OBRAS - para mais, quando baseadas em documentos oficiais e quando existem outras obras semelhantes, por ex. "A Culpa do McCann"...

Será por "A Verdade da Mentira" ter conseguido o que os outros livros não atingiram: uma enorme divulgação de factos suportados por inúmeros elementos credíveis da Polícia Portuguesa e Britânica?

Gonçalo Amaral não merece, todavia, a indiferença dos Portugueses.
Os Portugueses, no geral, também não merecem as ofensas proferidas pelos que, por xenofobia ou para desacreditar a capacidade dos Portugueses, se juntam ao coro dos McCann.

O Ultimatum de 1890 suscitou uma reacção exagerada, embora compreensivel.
Desde 2007 temos assistido a ultimatos atrás de ultimatos, cedências aos Britânicos, após cedências... até quando? Uma Reacção PRECISA-SE.