No entanto, curiosamente, não consigo pegar nos factos que possuo em primeiríssima mão, e dizer umas verdades - porque, seja qual for o ângulo que procure, este relato parece-me sempre deprimente e sombrio.
No fundo, o Centro não é mais do que o reflexo da (des)organização pública estatal que o gere.
Não passa de um tapete gigante, para debaixo do qual são varridos todos os alunos problemáticos, os inadaptados e os marginais. Há ainda espaço para os desempregados que não cabem em mais lugar algum, ou para aqueles que não têm escolha, e são forcados a lá ir parar. Os piores exemplos nem vêm dos Formandos - nem mesmo dos cadastrados; mas sim do topo, dos quadros, do pessoal, daqueles que deveriam ser responsáveis pelo Centro, e responsáveis pelo seu próprio comportamento – pouco digno, pouco profissional, pouco brioso.
Felizmente, esta semana saiu a notícia de que estávamos todos à espera: O Governo prepara medidas para tornar possível despedir na Função Pública - esse "Estado" dentro deste outro Estado, com o seu código próprio, calendário próprio, e fuso horário próprio. Felizmente, a partir daqui, não mais vão poder recusar fazer o seu trabalho; não mais vão ser inimputáveis; não mais, ou muito raramente, vão desconhecer o significado da palavra "profissional"; não mais, ou muito raramente, vão poder esconder o trabalho na gaveta, adiar, procrastinar, divagar, e mesmo de-va-gar, irá, com muita fé em S.Sócrates, acelerar para simplex-se-não -cumprirem-os-objectivos-rua-desemprego e-Centro de Formação de Setúbal-com-eles!
E o que os espera, meus amigos, é um pardieiro, onde as salas não tem aquecimento no Inverno e abrasam no verão; onde as casas de banho são impróprias para baratas; onde as salas, os computadores, as cadeiras, etc. são manifestamente carecidas; onde alunos inadvertidos podem disparar, acidentalmente, extintores; onde certos "formandos" estão à vontade para terem comportamentos anti-sociais sem receio das consequências, porque a direcção pusilânime, só é actuante quando não sente perigo, não dá muito trabalho, ou para amesquinhar os poucos que tentam trabalhar; onde a fila para o almoço chega a demorar 30 minutos e vai do refeitório à porta da rua, porque os formandos são forçados a ir comer, praticamente, à mesma hora; onde toda a população do centro é “convidada”, compulsivamente, a comparecer na Festa de Natal do Centro, que por sinal se realizou num recinto fechado com capacidade para apenas metade (ou menos de metade) das pessoas presentes; onde o director é nomeado politicamente, mudado a cada governo, logo sem vontade ou sem capacidade para zelar por algo mais do que o seu tachinho – afinal, ele também é funcionário público.
Ps - Nem tudo é mau no CFS - há mesmo uma caso surpreendente de eficiência e de organização; um exemplo de competência e um oásis de gestão enérgica que merece uma ressalva especial – um louvor e uma salva de palmas para a gerente do Bar e do Refeitório! Bem-haja, pelas suas capacidades, e pelas sobremesas que guardava!