25 de agosto de 2007

Da Jardinagem e dos Tomates

É curioso, e ao mesmo tempo admirável, que um país nascido da e pela violência, com episódios impressionantemente sangrentos e fratricidas ao longo de sua história, tenha culminado num povo pacífico e brando, com um dos mais baixos níveis de criminalidade da Europa, senão mesmo o mais baixo. Isto é bom. A não ser que por criminalidade também se entenda "corrupção"...

Já nem há memória de uma grande revolta que se desse cá dentro, pelo menos desde aquela assembleia-geral do Benfica, onde constam, ao que parece, alguns sopapos e empurrões varinos. Coisa pouca. É preciso recuar bastante para se encontrar violência de monta como ataques à bomba, motins nas ruas, etc. como se vê lá fora...

A celebrada Revolução dos Cravos é um monumento a esse comedimento dos Portugueses, onde nem uma gota de precioso sangue foi derramada.

Desde então, os cravos têm vindo a murchar ou a ser substituídos por plantas daninhas. Estas espécies parasitas, uma vez instaladas nos melhores canteiros cá da horta, infestam todo o sistema e chupam todos os nutrientes em redor, impedindo-as de crescer e acabando por secar a vitalidade do jardim à beira-mar plantado...

Alguns jardineiros mais extremosos, já têm apontado para o descuro e a falta de manutenção que os Portugueses manifestam para com a cultura nacional. Muitos são ciosos do seu canteiro, mas dificilmente se importam com o do vizinho.
Cada vez mais espécies autóctones vão se implantar em turfas estrangeiras, mais viçosas e sadias. Da Europa chegam adubos e regas preciosas, mas o grosso perde-se, invariavelmente, para parasitas improdutivos e os seus consumos estéreis...

Estas plantas espinhosas e estranguladoras, incapazes de produzir ou poupar, mau grado a ambúndancia em que vegetam, alimentam-se cada vez mais vorazmente à custa dos hospedeiros, pétala a pétala, e não contentes com isso, ainda exigem mais, com completo desprezo pelos que os alimentam. Este é a pior espécie de parasita - o que mal deixa recursos suficientes para o hospedeiro sobreviver, acabando por o secar completamente, provocando também a sua ruína...

Veremos que tipo de parasitismo tem atacado Portugal, e se os Portugueses vão esperar por uma "morte lenta e agoniante" ou se vão, por excerto ou por mutação genética, reagir com um repelente contra as pragas que nos consomem os recursos vitais.
Porque às vezes é preciso lutar por alguma coisa.

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