3 de março de 2007

Fundamentagismo

Muitas vezes - ou seja, sempre que se fala de controlar o Tabagismo selvático, medida com qual, até os fumadores mais conscienciosos concordam - vêm sempre a público uns fundamentagistas catarrentos tentar soprar o seu fumo nocivo nos olhos das pessoas, acusando de "fundamentalismo" aqueles que tentam devolver os espaços comuns a todos os cidadãos e não só aos amigos da nicotina. Ainda há dias, vi um sujeito na TV que me lembrou um daqueles extremistas muçulmanos exaltados, vociferando negativamente contra todas as medidas que se vão tomar - tardiamente, acrescente-se - com a aprovação da nova legislação que limita o fumo nos locais públicos.

Pessoalmente, salvo nos Restaurantes (por óbvias razões de alimentação e de prazer da refeição), não me faz muita diferença que se fume ou não nos locais de diversão nocturna, pois simplesmente deixei de os frequentar há muito tempo, e sem dúvida que o tabagismo alheio muito contribuiu para isso. Não me interessa voltar, mesmo que os locais estejam "limpos" de tabaco; já outras pessoas podem ser de opinião diferente. Há que arranjar espaço para todos, ainda que a clientela habitual, o "público alvo" dos estabelecimentos de diversão noturna, em regra, não procura experiências salutares - ou em vez de álcool, ingeriam shots de leitinho de soja, ou cházinhos de erva cidreira, em vez de Cannabis.
Está aparentemente, a chegar a hora do lobby do Tabaco ver os seus interesses esfumarem-se, pelo menos da maneira como era hábito, até aqui.

O que é verdade, aceite-se ou não, é que o fumo é nocivo e os fumadores, grosso modo, são insensíveis não só ao mal que provocam a si próprios, mas muito mais em relação às múltiplas penalizações que infligem aos não-fumadores. Estes últimos (70% da pop. Portuguesa, segundo dados oficiais), as verdadeiras vítimas, sofrem, além do venenoso fumo passivo, a arrogância de muitos fumadores que invadem com o seu fumo o seu espaço, e asfixiam os seu direitos e a sua liberdade - as primeiras coisas que os fumadores reclamam, quando a lei os vem APENAS obrigar a mudar de hábitos - fumar sim senhor, se quiserem podem intoxicar-se, mas façam-no por favor, onde não incomodem os que optam pelo DIREITO de NÃO fumar.
Se, como alguns fumadores à antiga que conheço, tivessem a iniciativa magnânima de não fumar em espaços fechados, não fumar em frente de crianças, grávidas e outras pessoas, e de ter consciência absoluta do acto que estão a tomar, não seria preciso uma lei, excessiva ou não, tardia com certeza, para vir endireitar o que outros países mais avançados já há muito corrigiram.

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