6 de janeiro de 2008

Dia de Reis

Por falar em reis, estamos a menos de um mês do centenário do infame regícidio, o crime mais brutal contra o Estado Português e o seu representante máximo, crime odioso aliás, que não ficou por ai - atentou contra todos nós, a nossa civilização, progresso, democracia, futuro, enfim, atíngiu a própria alma do país.

Todos os Portugueses, pelo menos os que forem de bem, terão oportunidade de homenagear as vitimas do regicidio e de condenar a violencia e o fanatismo do atentado terrorista contra o chefe de estado, o seu jovem herdeiro e Portugal.

Isto nao anulará quase 100 anos de orfandade de um simbolo da nacão; mas poderá ser o "porque no te callas" português aos interesseiros faccionários que se encavalitam pelo poder.

Já agora, já é também tempo da república reconhecer as suas nódoas, que não vão desaparecer nunca, por mais que olhem para o lado e assobiem... afinal, se até a Santa Sé reconheceu e pediu perdão pelos erros da Inquisição e etc....

Como dizía o poeta (republicano arrependido, porque desiludido):

"O predomínio dissolvente dos partidos sobre as legítimas aspirações da colectividade equivale às antigas querelas da Nobreza e do Clero contra a supremacia neutralizadora da Coroa. Há uma diferença, no entanto, que é de justiça destacar. Nunca, a não ser em raras circunstâncias, as discórdias das classes privilegiadas atentaram contra a própria constituição do Estado. Órgãos robustos do mesmo, queriam expandir-se em detrimento da boa harmonia do grupo. (...)

Não sucede outro tanto com os partidos políticos - consequência da liberdade metafísica dos utopistas de (18)89. Não chegam a ser órgãos do Estado, pois não passam de elementos parasitários, mantendo-se à custa da corrupção e do favoritivismo. O poder, quando o alcançam, sequestram-no em seu benefício exclusivo, como se fosse coisa conquistada. Por intermédio dos mil tentáculos duma burocracia opressiva e inerte, nós vemo-los imporem-se na sua minoria atrevida e insaciável à colectividade escravizada. São as maravilhas do Estado napoleónico, hoje em falência estrondosa!

Setembro, 1918

(In Ao Princípio era o Verbo. Ensaios & Estudos, 2ª edição, Edições Gama, 1940, pp. 125-140)"



Bons Reis!

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